27 de dezembro de 2011

Ela

foto de Kenji Nakamura, Kioto, 2008, por Eduardo Logullo, uma casa desmobiliada, em direção ao Himalaya, como a xicara quebrada, o açucareiro sem asa, o trem que não vem, o absurdo que não passa fora nunca mas se dilui por dentro voltando sempre ao ponto, costumava usar branco com amarelo ouro, isso a deixava com o semblante suave mas ela ía na verdade em direção ao mar, nadou em linha reta até sumir como um ponto no horizonte, havia casas de pedra vazias, havia gente tentando o vento a vela, ondinhas mínimas sobre a agua como pelo de gato arrepiado, num leve tépido e morno movimento, o trem chegou e não ia para o Himalaya coisa nenhuma, putz, não era ela que tinha recebido aquela mensagem para não viajar mais porque precisava resguardar-se já tendo dado tudo, ela tinha se confundido, na verdade era Ele, Ele que a partir de agora só poderia receber em sua própria casa, sem mais viagens, noite chegou outra vez e em vez de mar ela tinha era a cidade para atravessar com calma, devagar, vislumbrar tudo isso agradecer porque faz parte de um universo inimaginavelmente estupendo pleno de amor finalmente ir jantar que o ano acabou, e tá tudo em paz --

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