27 de novembro de 2009

MOOCA BAIXA





estrangeira, montei empresa familiar na mooca baixa faz quase dez anos e todo dia atravesso a cidade num transito cão para ganhar o pão lá, que é perto da zona "lost", que tem lixo nas calçadas, não tem vaga nunca, todo mundo se conhece, tá do lado da boca mas ninguém te rouba e tem o mais forte sólido e lindo e antigo comércio e indústria do país , tá grudada na zona cerealista plena de caminhões gigantes cheios de batatas e cebolas e nos armarinhos com prateleiras de duzentos metros de aviamentos, zipers, passamanarias, linhas de todas as cores, academia gratuita ao ar livre debaixo do viaduto super completa com box e muita gente malhando de graça na maior boa, escolas técnicas boas e faculdades ruins, é o mundo do ofício, da oficina do chão de fábrica e não das carreiras, não tem o que não tenha na mooca, a burguesia da mooca alta se refastela no Di Cunto e a classe média se entope de esfiha no Juventus, a farmácia parece um supermercado e o cara sabe tudo que você precisa porque te conhece, a Visconde de Laguna é " a rua " e tem tudo pela metade do preço do campo belo ou da vila madalena, parece outra cidade, no mais, tem a festa de san genaro na minha rua, encravada na frente da janela da minha pequena fábrica onde escuto várias vezes por dia o apito do trem (é serio, e nem eu acredito!) e o sino da igreja na minha altura, que é o segundo andar de onde eu descanso o olhar vendo a torre do banespa, a silhueta da cidade prédios prédios prédios... e um por de sol vermelho, e a açougueira gorda de bermuda fazendo entregas de bicicleta, ela que pintou o açougue de vermelho ferrari, não sou bairrista para dizer que amo a mooca, mas sem ela eu não faria entregas no jardins, sem ela não veria centenas de velhos saudáveis corados simpaticos que me chamam de lindinha indo para o banco pegar sua aposentadoria...é de lá que eu tiro o meu sustento, não acaba mais o texto da mooca, vou para lá então, que tá tarde, se eu fosse de lá não chegaria na empresa as dez horas e sim rigorosamente as oito....

24 de novembro de 2009

A BAHIA E A MADISON

foi minha irmã que achou, o Michel Maier, um artista plástico que vive em Barcelona, me lembra a obra do Aguilar, uma coisa meio dark meio sombra meio luz meio moderna meio não aguento mais, mas enfim, achei mais coerente começar o dia com ela em vez das borboletas azuis que ganhei numa foto lindissima, premiada, de uma amiga querida...na verdade tenho preferido a luz da frestinha à paisagem do mar aberto onde nesse momento urbaníssima que estou me perderia, de todo modo no meu quadrado eu tenho a flor que eu quero, o suco certo, o sabonete escolhido, e todas, rigorosamente todas as ondas de calor, de alívio, de espuma branca da iemanjá da minha adolescência na Bahia, que preguiça macunaímica dessa fase, da qual hoje só cultivo as pessoas que trouxe de lá, hoje eu queria mesmo era estar na Madison fechando vendas para os bahianos que vão lá gastar muito, que horror! acho que virei uma mulher sem poesia que só quer dinheiro, não dava para postar borboletas, certo?????..bom dia!
* só corrigindo (que sou uma legítima titã) quero dinheiro, diversão e arte!