27 de março de 2010

AGUA NO TOPO

imagem extraída da internet, sem referência para crédito
recostar a cabeça na pedra do riacho e acomodar o corpo com cuidado sobre as pedras para sentir a água passar enquanto fritava o pitú do meu almoço foi um dos momentos mais inesquecíveis da minha cabeça fisica, essa que tem cabelos pretos e fortes pensamentos brancos e tênues sentimentos camaleônicos ora de felicidade pela paz do dia ora aflitos por tanto que há para sorver ainda esta noite, mas bom mesmo é botar a cabeça como debaixo da cachoeira nos fundos do terreno do sertão lá de maresias onde certamente não volto, portanto além de ir comprar os livros que quero ler tenho que arrumar outra cachoeira para sentar bem no meinho da queda, sem muito risco, mas onde o jorro seja de trezentos quilos de impacto, de agua no topo, era o que eu faria agora se em vez de bambu tivesse uma queda dágua no quintal..aiai e assim vou tornando importantes os meus desejos bobos perdendo a noite de sono por um lugar onde sentir a agua jorrar na cabeça, meu travesseiro é fofo mas não tem esse efeito...

LAS TOLEDAS

demorou mas descobrí que futilidade não era palavrão mas uma espécie de coisa indesejável nas pessoas e que autencidade era algo bom, antes mesmo de ser adolescente essas coisas soavam assim a seco primeiro, e com sentido bem depois, também esse negócio de não ser formal, ter opinião, etc. tudo isso associo à ela, que um dia há muito tempo foi contato de agência, uma espécie de executiva da av paulista, de saia cinza , camisa de homem, e sapato mocassim baixo, um luxo, andava com gente bacana, artistas e intelectuais dos anos...sei lá, rua oscar freire, geração da minha irmã, acho que início dos anos 70, época braba que nem ela, depois veio o casamento tão brasileiro quanto manteiga de garrafa e bolo de rolo, e esse nome da rua madrilenha que ela exibe aí na foto é o nosso nome de família, nome de gente que não passa desapercebida nunca nem que queira, gente que sempre acreditou na revolução e que costuma ser dura na queda além de transitar com desenvolura entre contradições e aguentar grandes tragédias, desde as mais comunzinhas do dia a dia até as estruturais que tiram o chão social e o da gente mesma, aquele chão que nem sempre tá lá quando a gente levanta da cama e assim mesmo a gente não cai, pelo menos não em publico, ...forjadas em aço como disse um toledo, sofremos sim mas com a devida classe, dignidade e elegância, discretos ou não, da burguesia ou da perifa..algo em nós é indócil sempre, pouco convencional para o bem e para o mal, .... logo que saí de florianópolis da primeira vez que fiquei com ela uns dias, antes que o avião decolasse, peguei dela um recado super gostoso no meu celular dizendo qualquer coisa carinhosa como boa viagem gostei de ver te quero muito bem, algo assim, coisa plena, de prima mesmo.

23 de março de 2010

CLELIA

cheguei tarde para almoçar hoje e encontrei catalunha refogada no restaurante onde almoço todos os dias, tava uma delicia e engraçado que por causa da catalunha amarga escura e super saborosa eu lembrei que era uma das verduras preferidas da minha mãe, aí lembrei que hoje era 23 de março, seria aniversário da minha mãe, faço as contas e me dou conta de que hoje ela faria 80 anos, nossa! que coisa importante! 80 anos! me deliciei pensando nela, almoçando sózinha e numa muito boa de repente fiz ficar especial por causa dela o meu dia e agora não vou dormir sem registrar o acontecido à todos que sabem de que pessoa afinal estou falando, sem qualquer tristeza mas com uma saudade gostosa como aquela catalunha que comi com gosto,.. tivesse tempo eu teria prosseguido o resto do meu dia só fazendo coisas que ela gostava de fazer, visitar as netas, dar uma saidinha, encontrar-se com uma amiga, nutrir-se enfim da vida interior, que nunca faltou a ela...mas logo subi para trabalhar, só que o fiz a tarde toda com a alma cheia dela, com a alma como a dela, com a alma da "Lela" apelido que a Moira minha sobrinha deu para ela...bjs mamãe